DESUMANO, DEMASIADO DESUMANO:

ADOECIMENTAL MENTAL DOS TRABALHADORES ROTULADORES DE DADOS DO CHATGPT

Autores

Resumo

O artigo analisa o trabalho executado pelos rotuladores de dados (data taggers) na plataforma ChatGPT, criada pela empresa OpenAI, com o objetivo de verificar o potencial de adoecimento mental desses trabalhadores que integram a nova morfologia do trabalho no Capitalismo 4.0. A pesquisa desse tema é relevante em razão de o conteúdo do trabalho dos rotuladores envolver a transcrição de dados com teor de diversas formas de violência física e mental. Além do conteúdo do próprio trabalho, as novas formas de gestão e exploração do trabalho humano, viabilizadas pelas tecnologias da informação e do conhecimento (TIC), também podem contribuir para o sofrimento desses trabalhadores. Com esse escopo, o artigo realiza uma breve retrospectiva das fases e respectivas ideologias do capitalismo, de modo a compreender as transformações que viabilizaram a nova morfologia do trabalho no capitalismo da Era Digital. Entendido esse contexto, descreve o modo de exploração do trabalho realizado pelos rotuladores no intuito de testar a hipótese, qual seja, se os taggers compõem o denominado precariado digital com potencial deletério da saúde do trabalhador. Verificadas essas características, por meio de revisão bibliográfica, essa forma de trabalho é analisada à luz da Psicodinâmica do Trabalho a fim de compreender o processo de sofrimento no trabalho dos taggers capaz de desencadear o adoecimento mental. Os resultados confirmam o potencial lesivo para a saúde mental desses trabalhadores, seja em razão da precariedade ínsita à forma de exploração desse trabalho, inviabilizadora do reconhecimento da contribuição social do trabalho, seja pela total ausência de medidas de saúde e medicina no trabalho. Conclui que, no contexto do capitalismo da Era Digital, os data taggers se somam ao grande contingente de trabalhadores adoecidos em razão do trabalho, permitindo refletir sobre o custo social das novas formas de trabalho humano exploradas pelas Big Techs.

Biografia do Autor

Dra. Samia Cirino, PPGD Faculdades Londrina

Doutora em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestra e Bacharela em Direito pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professora na Graduação e no Programa de Mestrado Profissional em Direito das Faculdades Londrina. 

Jessy Borges Ferracioli, PPGD Faculdades Londrina

Mestranda em Direito, Sociedades e Tecnologia do Programa de Mestrado Profissional em Direito da Escola de Direito das Faculdades Londrina. Pós-Graduada em Processo Civil, Direito Civil e do Consumidor pelo Instituto de Direito Constitucional e Cidadania (IDCC). Graduada em Direito pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). Advogada.

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Publicado

2024-08-22